Caminhar para uma solução

Os níveis máximos de exposição (contínua ou temporária) aos campos electromagnéticos (CEM’s), foram legalmente estabelecidos (pela Portaria 1421/2004, de 23 Novembro) tendo em conta apenas o efeito de aquecimento. Esta portaria tomou como base as recomendações da OMS e adoptadas pela EU, que já datam de quase 20 anos, e que ignoram todos os estudos mais recentes (e todos aqueles que apresentavam já informações preocupantes…). Em relação aos níveis biologicamente seguros para exposições crónicas (ou contínuas, como é o caso de todos aqueles que vivem nas cidades e outros grandes centros), os estudos apontam para níveis de segurança muitíssimo inferiores, da ordem dos milhares ou dezenas de milhares inferiores. A Associação Médica da Áustria, considera que um nível seguro (“pouco preocupante”) deve ficar abaixo dos 0,06 Volts/metro. E que um nível de exposição crónica igual ou maior que 0,6 V/m já se torna gravemente preocupante. Comparemos isto com os “níveis seguros” estabelecidos pela nossa Portaria, 61 Volts/metro (para a banda de frequências 2GHz-300GHz; Quadro II, capítulo III)… Ou seja, estamos “seguros” até uma intensidade 100 vezes superior ao nível “preocupante” já confirmado por inúmeros estudos !

Este ano foi publicado um relatório que reúne um total de 171 estudos que concluem sobre os efeitos nefastos da exposição a CEM’s, a níveis muito inferiores aos efeitos térmicos considerados na regulamentação actual.
São 8 tipos de efeitos nefastos (analisados separadamente no relatório acima):
1 – Ataca o sistema nervoso, produzindo vários distúrbios neurológicos/neuropsiquiátricos. Este ataque é muito preocupante.
2 – Ataca o sistema endócrino (hormonal).
3 – Produz stress oxidativo e danos por radicais livres (que têm um papel central em todas as doenças degenerativas).
4 – Ataca o DNA das células, produzindo roturas e oxidações (com as consequentes mutações genéticas…)
5 – Causa níveis altos de apoptose (morte celular programada), tendo assim um papel central em todas as doenças degenerativas e na infertilidade.
6 – Reduz a fertilidade masculina e feminina, reduz as hormonas sexuais, reduz a libido e aumenta os abortos espontâneos.
7 – Produz excesso de cálcio intracelular.
8- Ataca as células, provocando cancro, através de 15 mecanismos diferentes.

Todos estes efeitos são provocados em consequência da interferência dos CEM’s com um mecanismo celular extraordinariamente sensível, a activação dos “voltage-gated calcium channels (VGCC)”. Cito um aviso do relatório muito claro:

“A extraordinária sensibilidade do sensor de tensão VGCC às forças dos CEMs diz-nos que as actuais directrizes de segurança permitem-nos estar expostos a níveis de CEM que são qualquer coisa como 7,2 milhões de vezes demasiado altos. Essa sensibilidade está prevista pela física.
Os diferentes efeitos produzidos constituem obviamente preocupações muito sérias. Eles tornam-se muito mais sérios e tornam-se ameaças existenciais quando se leva em conta que vários desses efeitos são cumulativos e eventualmente irreversíveis.”

Alguns críticos e cépticos desta posição contrapõem que as redes hertzianas artificiais já existem há várias décadas, desde o aparecimento da rádio, da televisão, da electricidade nas casas, dos radares, etc. E que as potências emitidas já eram significativas, e logo que mais umas redes (e até com diminuição de potências emitidas), não vão mudar grande coisa.
Mas estes cépticos ignoram 2 aspectos: 1º - que não há dúvida que a prevalência e tipologia das doenças que passou a afectar as populações “civilizadas” não tem nada a ver com a prevalência e tipologia das doenças que atingiam as pessoas há 100 anos atrás, e antes. E logo, a introdução de CEM’s na vida diária das pessoas não pode ser excluído como um factor importante.
2º-E este é bem mais grave, as emissões actuais são muito mais “pulsadas”, ou seja, são transmitidos impulsos muito curtos e intensos, por forma a veicular mais informação (o sem número de conversas ao telemóvel e acessos à internet que toda a gente faz...) utilizando apenas um número restrito de bandas de frequência. E a influência biológica destes CEM’s pulsados são muito mais importantes que os CEM’s mais ou menos estáveis. Cito de novo o estudo referido :

“...os CEM’s pulsados são, na maioria casos, muito mais biologicamente activos do que os EMFs não pulsados. Isso é particularmente importante porque todos os dispositivos de comunicação sem fio comunicam entre eles por meio de pulsações, tornando-os potencialmente muito mais perigosos.”

Para quando será que as pessoas, e as entidades competentes, vão declarar um autêntico “Alerta Vermelho” e tomar as medidas que se impõem, antes que a catástrofe caia em cima de nós todos?

Neste momento as únicas medidas que as pessoas já atingidas por este mal podem tomar são apenas paliativas:
1- Evitar a utilização de todos os aparelhos emissores de CEM’s : telemóveis, telefones sem fio, wifi’s, etc. Mas e que fazer dos aparelhos que toda a gente tem, em todo o lado? ...
2-  Instalar medidas de protecção passivas. P-ex pinturas e redes filtrantes, para os espaços interiores, tecidos e vestuário filtrante.

Mas porque não tomar medidas mais directas, através duma vontade colectiva para mudar o caminho catastrófico que as coisas estão a tomar? Os fabricantes e operadores de comunicações podem muito bem adaptar os seus sistemas de modo a funcionarem com níveis muitíssimo mais baixos. As instalações domésticas podem ser feitas por cabo, e protegidas. É claro que isto implica algum investimento, mas será que não vale a pena para evitar uma epidemia mundial de doenças graves que vão ter um custo muitíssimo mais elevado?
Mas infelizmente, tenho a séria impressão que as pessoas (e as autoridades) vão preferir fechar os olhos, sem abdicar dos seus (maus) hábitos, até que a situação já não tenha remédio algum… E os sobreviventes serão aqueles que andam assim:


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